domingo, 16 de setembro de 2012

Cleando Cortez Gomes: 4º ano de falecimento.

Foto de 1953, na qual faltam dois dos 17 filhos de Nati Cortez: Cleomedes que já se encontrava trabalhando em São Paulo, onde reside. e José Anchieta (1955-1993) não era nascido. Foto foi tirada na frente da antiga casa da rua Felipe Camarão, 453, Cidade Alta. Da esquerda p/direita: Cleóbulo, Cleando, Manoel Genésio, Miguel Archangelo e Francisco de Assis. Em seguida, João Maria, Ana Maria, Margarida, Carmela, Maria José, Cecília; Antonio, Nati com Fátima no colo, Luiz Gonzaga, Maria das Graças e Marta.Fonte: Maria Natividade no texto que escreveu no verso da foto ofertada  "à distinta amiga Luiza, ofereço esta fotografia, como lembrança da nossa família",  mãe do falecido padre Antonio Soares Costa, ambos falecidos.



No dia 18, terça-feira, completará quatros anos do falecimento do primeiro filho de Nati Cortez, Cleando Cortez Gomes (1931-2008), ocorrido em Fortaleza/CE. Cleando casou com Salette Simoneti Gomes, natural de Açu, dixando sete filhos: Maria Amália, Paulo Alfredo, Sérgio Augusto, José Alberto, Ana Clara, Cleando Filho e Luiz Antonio.

Felipe Tiago Gomes (II).


Minha vida com FELIPE TIAGO GOMES,
criador do movimento cenecista.

Antonio JoaquimMinha vida com Felipe Tiago Gomes iniciou-se lá por 1956, quando eu era aluno de uma das unidades da CNEG - Colégio França Júnior - IAPI da Penha - Rio de Janeiro - Tinha eu 15 anos de idade.
Naquele tempo, a sede da Direção Nacional funcionava em uma sala cedida pelo IAPC - Rua Alcindo Guanabara (Centro da Cidade do Rio de Janeiro). Poucos anos depois, no Governo de Juscelino Kubitschek, a sede foi transferida para a Rua Silvio Romero, 25 - Sta. Teresa, no Rio de Janeiro. Na inauguração, com a presença de Dna. Sara Kubitscjek - (Primeira Dama do País e Presidente do Conselho Nacional da CNEG) - eu estava entre os alunos - usando meu uniforme: calça azul-marinho - camisa branca com mangas compridas - gravata preta e sapatos pretos, orgulhosamente.
Em 1959, envolvido na política estudantil, tornei-me o primeiro presidente da União Nacional dos Estudantes Cenegistas - Secção do Estado da Guanabara (UNEC/GB). Nos meses seguintes, meu nome foi indicado para Vice-presidente da Diretoria Nacional. Em 1961, representando a UNEC, como Vice-Presidente Nacional, participei do Congresso Nacional da CNEG, em Fortaleza (CE), quando Paulo Sarazate (então Deputado Federal), foi eleito Presidente. Nesse congresso foram criadas as Administrações Estaduais, com a figura dos Administradores - hoje Superintendentes Estaduais. A partir de 1º de junho de 1961 - por convite insistente de FELIPE TIAGO GOMES, tornei-me funcionário da Administração da CNEG/GB - eu era, também naquela oportunidade, presidente da CNEG - Setor Local da Penha e aluno do Curso Científico do Colégio França Junior.
Eu tinha vindo de Portugal e meu primeiro mentor no cenegismo, foi JOSÉ MARIA CRUZ um dos grandes amigos do Dr. Felipe; um daqueles que muito ajudaram Felipe a criar escolas no Estado do Rio de Janeiro, juntamente com Américo Salgado, Plutarco Salgado, Tobias Tostes Machado, Dr. Eurico Costa, Elisio Castro, Comendador Clarimar Maia, General Mário Barreto França, Dr. João Borges de Morais, Dr. Jorge Fernando Loretti; Dr. Luis de Araújo Brás, Antônio Dias Lopes, Carlos Constantino de Oliveira, Mozart Pereira dos Santos, Dulce de Oliveira Vermelho(autora da letra do Hino Cenegista), Lúcia Leitão e Gerardo Leitão. Aos poucos e com muitos sacrifícios, o mundo de amigos de Felipe Gomes foi crescendo: Prof. Raimundo Nonato, Prof. Elvécio Dahe, Prof. Jener Alvarenga, Dr. Guilhermino de Oliveira; Profª Dulce de Oliveira (MG); Cristiano Dias Lopes, Capitão Nicanor Paiva (ES); Profª Auricéa (MA); Comendador Sucupira, Aurimar Pontes, Dr. Paulo Sarasate (CE); Dr. Luiz Rogério (BA) D. Eugênio Sales (RN); D. Avelar Brandão (PI) e muitos e muitos outros. Espero ser perdoado pelos esquecidos.
A primeira edição do livro "HISTÓRIA DA CNEG" que eu tive a coragem de editar, criando a fictícia EDITORA 29 DE JULHO PUBLICAÇÕES - Rua General Dionisio - Duque de Caxias (meu endereço até os dias de hoje), relaciona muitos destes amigos de FELIPE GOMES. Em meus arquivos tenho exemplar autografado pelo peruano Haya de La Torre.
Sabem quem foi Haya de La Torre? A idéia de Felipe Tiago Gomes surgiu após a leitura do livro Drama da América Latina que relata a experiência do peruano Haya de La Torre, que criou uma escola de alfabetização para os índios, cujos professores eram estudantes, que lecionavam gratuitamente.
A primeira unidade surgiu em 1943, o Ginásio Castro Alves, no Recife, fora denominado: Escola do Ginasiano Pobre. Funcionou em prédio cedido pelo Sindicato dos Contabilistas com cadeiras emprestadas pelo Teatro Castro Alves. Felipe lutou três anos para obter o reconhecimento pelo MEC, com inúmeras viagens ao Rio de Janeiro, sem dinheiro, tendo que dormir nos bancos da Praça Paris.
Com idas e vindas, Dr. Felipe terminou por transferir-se para o Rio de Janeiro e algumas escolas foram criadas a exemplo do Ginásio Castro Alves.
Dr. Felipe, com as amizades conquistadas no IAPC, conseguiu a criação da CNEG em Olaria e em Coelho Neto, com o Ginásio dos Comerciários e Escola Técnica de Comércio Horácio Picorelli, em Olaria e Ginásio e Colégio Técnico de Contabilidade Coelho Neto, em Coelho Neto. Eu tive a honra de ser o Paraninfo da primeira turma de formandos do Colégio Técnico de Contabilidade, por convite do Prof. Mozart Pereira dos Santos, seu Diretor. Os de Coelho Neto ainda funcionam. Pelas benesses das mesmas amizades passou a ocupar pequeno apartamento no Conjunto Residencial do IAPC em Olaria, onde conheceu - JAYME SOUTO, outro amigo - que durante anos - até 1964 ou 65 -, ocupou a função de Tesoureiro Geral da Administração Central. Mais tarde, Felipe adquiriu pequeno conjugado, na Lapa, à Rua Joaquim Silva. Anos depois, financiado pela Caixa Econômica Federal, comprou nova unidade na Cidade Nova (Conjunto Residencial na Praça da Bandeira), transferindo o da Rua Joaquim Silva, para o nome da Irmã Maria Gomes.
Ainda bem jovem, com 21 anos. Dr. Felipe tornou-me Administrador da CNEG/GB, cargo que ocupei de 1962 a 1964. Eram 18 escolas, quase todas noturnas, em prédios cedidos, incluindo-se o então Ginásio Capitão Lemos Cunha, hoje com sede própria, bonita e grandiosa, na Ilha do Governador, mas que teve suas origens no Prédio do Colégio Estadual Mendes de Morais, mudando-se mais tarde para a Escola Municipal Cuba, na Praia do Zumbi, como Ginásio e Colégio Técnico Capitão Lemos Cunha.
Em 1964, transferido para os quadros da Administração Central, Dr. Felipe nomeou-me, seguidamente, Tesoureiro Adjunto, Diretor do Departamento de Obras e Equipamentos e Diretor Administrativo da Direção Nacional, onde permaneci até 1971.
No final de da década de 1960, com várias viagens a Brasília, fui encarregado das primeiras providências para a garantia do terreno doado à CNEG pela NOVACAP, com a construção do alambrado do terreno e o início da construção da sede para a Direção Nacional. O ante-projeto da construção foi por mim idealizado, cumprindo exigência da Caixa Econômica, prazo que nos fora anunciado dois dias antes do término, para a apresentação do processo de construção. Em Brasília, nessa oportunidade, foi auxiliado pelos então Deputados Paulo Sarazate e Guilhermino de Oliveira, presidente e vice presidente da Direção Nacional e que exerciam a presidência e Vice-Presidência da Comissão de Orçamento da Câmara Federal de Deputados.. Em agosto de 1971, seria eu o primeiro integrante da Direção Nacional a ser transferido para Brasília. Não se efetivou, por questões de família, que o Dr. Felipe soube entender. A sorte foi cedida para SEBASTIÃO GARCIA.
A essa altura a instituição com mais de mil escolas, já havia mudado sua denominação de CNEG para CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). Isto aconteceu no Congresso Nacional de Miguel Pereira, em 1968, quando elegemos o Almirante Benjamin Sodré, como Presidente Nacional. Com o programa de mudança de nome e novos estatutos, foram aplicados alguns anos de estudos. Muitos nomes foram aventados. Eu participando de inúmeras comissões, sempre com a liderança de outro amigo e também Diretor de Departamento- WILSON CARDOSO - Wilson Cardoso (já falecido) teve atuação marcante na CNEG/CNEC durante muitos anos. Os antigos, ainda vivos, muito poderão contar sobre o trabalho desse companheiro, atuante e competente, nas assessorias junto a Dr. Felipe Gomes.
Diante da minha impossibilidade de transferência para Brasília, Dr. Felipe terminou por aprovar a criação do ESCRITÓRIO CENTRAL DE COMPRAS - Av. Paris - Bonsucesso, 395 - nomeando-me diretor responsável pela criação e funcionamento. Foram 4 anos de boa experiência em nova atividade, com pleno sucesso .... Mas, em novembro de 1974, optou-se pelo encerramento das atividades do Escritório Central de Compras. O patrimônio foi distribuído pelas escolas da CNEC e me desliguei dos quadros Administrativos, criando a Distribuidora de Material Escolar Caxias (Distribuidora MEC Ltda), empresa na qual ainda faço minha atividade profissional, comercializando Livros, Papelaria e Material Escolar.
Durante todos esses anos foram vividas marcantes experiências em minha vida, tendo sempre como líder a figura do amigo FELIPE TIAGO GOMES. Pude viajar de norte a sul, visitando, orientando e fiscalizando unidades cenecistas. (Em Assembléias - Administrações Estaduais - Setores Locais e Escolas).
Grande parte dessas viagens foram realizadas acompanhando o líder Felipe Tiago Gomes, homem que optou pelo sacerdócio da educação, a quem milhares de brasileiros devem a sua formação. Temos hoje, comerciantes, industriais, professores, contabilistas, economistas, médicos, dentistas, advogados, juristas, engenheiros, políticos de nomes consagrados que estudaram em escolas cenecistas, em todos os Estados da Federação, de Norte a Sul. Lembro-me das estatísticas da década de 1970, as quais apontavam: 1.143 escolas, 30 mil professores, 500 mil alunos. Podemos então afirmar que durante os 60 anos de funcionamento (29 de julho de 1943 a 29 de julho de 2003), milhares de alunos foram beneficiados pela ação proposta e desenvolvida por Felipe Tiago Gomes, descobrindo lideranças locais, através das quais nasciam os educandários da rede.
Em 1968, juntamente com Dr. Felipe, Almirante Benjamin Sodré e Dna. Alzira Sodré, no mês de setembro, participamos de 18 Assembléias Estaduais - grande maratona que eles bem suportavam. Eu era jovem ! - Nossas viagens, nesse programa, incluíam as capitais e muitas cidades vizinhas onde houvesse uma escola da CNEC. Foi cansativo, mas eles resistiam ao sacrifício com dinamismo, RS - SC - PR - SP - ES - GO - PA - PI - MA - CE - RN - PB - PE - BA - MG. Além das unidades cenecistas, incluíam-se as Capitanias da Marinha e Lojas Maçônicas, onde houvesse. Todos rendiam grandes homenagens ao Almirante Benjamin Sodré e a Felipe Tiago Gomes. Dna. Alzira foi denominada a MÃE CENECISTA e o prédio de Brasília recebeu o seu nome, sendo inaugurado pelo então Ministro da Educação Jarbas Passarinho.
Antes do Almirante Sodré, a CNEC teve um outro Almirante a presidi-la, também de grande conceito no tempo da ditadura militar: Almirante José Saldanha da Gama que muitas vezes visitei no Clube Naval (Av. Almirante Barroso) ou no Superior Tribunal Militar (no Campo de Santana), onde não se podia entrada sem gravata.
Outro grande nome: Ministro Alcides Carneiro, talvez o melhor orador que conheci em minha passagem pela CNEC, tornou-se presidente nacional pela ação de Felipe Tiago Gomes.
Felipe tinha especial habilidade para sensibilizar pessoas importantes para os quadros da CNEC.
Não me lembrando exatamente o ano - por ocasião da realização de um Congresso Nacional, em Recife, juntamente com Dr. Felipe, Dna Lina Monte Mor, Maria A. Gomes, João Borges de Morais e outros, visitamos PICUÍ/PB (terra natal de Felipe Gomes), passando por Campina Grande. Dormimos duas noites em Picuí - e, depois de grande festa, saímos pelo Rio Grande do Norte (Parelhas), com destino a Natal (RN) - permanecendo uma noite na estrada, pela avaria do veículo - uma Rural Willis.
Em l965, casei-me com Jacyra Cardoso de Moura (Cunha), moça que a CNEC me presenteou - Secretária do Ginásio dos Comerciários, em Olaria/Rio, vizinha de Dna. Lourdes e Jayme Souto. Estamos com 38 anos de casados. Temos 3 filhos e dois netos. Continuamos juntos e normalmente revivemos o passado com ricas histórias na CNEC.
De 1974 a 1990 criou-se um grande vazio na minha vida com a CNEC Nacional.
Foram raros os contatos com o Dr. Felipe nesse período, mas nunca me afastei da vida cenecista, através de tantos amigos, muitos deles ainda vivos e com os quais ainda me relaciono: Américo Salgado, Jair Fialho Abrunhosa, João Pessoa de Albuquerque, Prof. Jener Procópio Alvarenga, Augusto Ferreira Neto (MG), Salete Bernardo (RN), João Roberto Moreira Alves, Fernando da Silva Mota, Lina Monte Mor, Ivone Boechar, Dora Sodré (filha de Alzira e Benjamin Sodré), Yolanda Rangel Pereira (Itaguaí), José Carlos Dutra, Profª. Iara Costa, Lucienete Jordão (a Netinha de Recife). Aurimar Pontes, Lúcio Ferreira Melo, Comendador Sucupira (CE), Roberto Valadão, Cristiano Dias Lopes, Ricardo Augusto de Azeredo Vianna. Dezenas de nomes poderiam ser aqui inseridos.....
Diga-se de passagem que a Família Salgado (Plutarco e Elvira), pais de Américo Salgado, adotaram Felipe, por longos anos. Nesse tempo, sob a liderança de Américo Salgado, entre tantos, em Duque de Caxias, foi criado o COLÉGIO ANA MARIA GOMES, nome da mãe de Felipe Tiago Gomes e de Maria Alexandrina Gomes. Essa unidade funcionou durante 28 anos, produzindo frutos excepcionais , e, eu sempre estive perto dos acontecimentos .... Em Duque de Caxias existiram cerca de 10 educandários cenecistas. Nos dia de hoje, apenas um, o Colégio Cenecista de Imbariê. Em Magé, município vizinho, ainda funcionam várias escolas. Entre elas, o Colégio 1º de Maio, cujo nome lembra o dia de nascimento de Felipe Tiago Gomes.
Do Colégio Cenecista Capitão Lemos Cunha - Ilha do Governador - nunca me afastei. Acompanho-o desde a sua criação em 1956 por Aguinaldo Elias Guimarães e sua esposa Dna. Maria Guimarães, no prédio do Colégio Mendes de Morais- depois no prédio da Escola Cuba e em 1962 - para o primeiro pavilhão da Estrada do Galeão. Participei de quase todo o processo de sua construção, incluindo-se o Teatro e a Quadra de Esportes - Marcelo, que também é de Picuí e ainda participa da Administração na Ilha do Governador - é testemunha de minha ação, durante os últimos anos na Ilha do Governador - até o final da Administração "João Borges/Wantuil".
Em 1990 - Dr. Felipe alegrou-me com grande presente, vindo de Brasília para o casamento de uma de minhas filhas. Entre os cerca de 300 convidados, Felipe Tiago Gomes era um dos mais importantes!
Com a primeira eleição de Alexandre José dos Santos (ex-aluno do Colégio de Itaboraí), como presidente da CNEC no Rio de Janeiro, retornei aos quadros da CNEC, passando a integrar o Conselho Estadual - Quatro anos de muito trabalho. A CNEC reagia às fortes mudanças impostas por novas realidades brasileiras.... que Alexandre Santos, muita vezes combatido e tendo que afastar velhos e apaixonados companheiros, teve a coragem de enfrentar, mudando os rumos e a forma administrativa, para não assistirmos o seu encerramento, embora muitas escolas tivessem de ser extintas. Mas todas elas, em seu tempo, cumpriram os ideais de FELIPE TIAGO GOMES.
Em um dos encontros estaduais em Paulo de Frontim (RJ) incluíram meu nome no Conselho Consultivo, acumulando as funções de Administrador Financeiro do Colégio Capitão Lemos Cunha, por três anos, quando novas salas para a administração, foram construídas.
Nesse tempo pude realizar minha última viagem com Dr. Felipe, visitando unidades cenecistas, no Estado do Paraná, juntamente com José Carlos Dutra - velho amigo e como eu, um dos mais antigos na CNEC. João Calixto ainda era vivo e Administrava a CNEC naquele Estado. Conheci o Calixto, natural do RN, cidade de Parnamirim, quando ele, como militar, andava lá por Santo Ângelo, a chamada Região das Missões (RS), administrando o "Sepé Tiaraju" a primeira Faculdade Cenecista - Faculdade de Direito - Ajudei-o no acompanhamento do processo de criação, junto ao Conselho Federal de Educação (MEC), ainda no Rio de Janeiro.
Finalizei minha convivência com FELIPE TIAGO GOMES, viajando a Brasília, por minha conta, quando de seu falecimento, (era domingo - 22 de setembro - faleceu no sábado, dia 21 - dia dá árvore), despedindo-me, silenciosamente e emocionado, do grande amigo que me conheceu ainda menino e que me orientou em minha formação de jovem em crescimento, durante muitos anos, pelo seu exemplo de cidadão. Nessa visita, ainda pude rever, VIVA, a também amiga MARIA GOMES que tantas vezes me assistiu, servindo o café da manhã ou o chá da noite, durante alguns anos em que me tornei residente do nº 27 da Rua Silvio Romero - no Rio de Janeiro- Estive à mesa com os dois, muitas vezes. Depois que se transferiram para Brasília, ficamos distantes até o final de suas vidas.Posso afirmar que me abraçou com emoção quando me viu em Brasília embora enfraquecida pela idade e pelo sepultamento do Irmão Felipe. Faleceu a seguir, em menos de 30 dias. MARIA ALEXANDRINA GOMES TAMBÉM MERECE DESTAQUE NAS PÁGINAS DA CNEC. FOI SEMPRE A COMPANHEIRA INSEPARÁVEL DE FELIPE TIAGO GOMES.
Ela não gostava do “Alexandrina”, mas esse era o seu nome.
O ano passado - novembro de 2002 - a convite do Presidente Alexandre José dos Santos - agora Deputado Federal - visitei Brasília para a inauguração da linda unidade de ensino profissionalizante, voltada para área hoteleira, com prédio construído junto à sede nacional da CNEC. Foi também uma oportunidade que me trouxe muita emoção, apesar de não conhecer a grande maioria dos participantes. Senti-me como “peixe-fora-d´agua”, apenas parte viva da história da tão querida Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Não encontrei nenhum dos “mais antigos”! Somente Lina Monte Mor, também convidada, e que deixou marcas positivas com sua passagem, sendo Superintendente Nacional, por alguns anos, após o falecimento do grande chefe!
Isto representa parte da história de minha vida na CNEC com Felipe Tiago Gomes.
Em meu acervo de memória e algum material (fotografias, textos, gravações em fitas), existe conteúdo, com o qual poderia escrever um livro, se tivesse talento para tanto.
Peço que me desculpem por tamanha exposição. Mas é fruto da paixão por tudo que vivi na CNEC.
Todas essas e muitas, muitas, muitas outras histórias, fazem parte da minha vida. Guardo a imagem de FELIPE em fotos ou sempre que vejo uma escola cenecista, ou quando assisto as gravações de vídeo, do casamento de minha filha Andréa.
Um grande abraço (cenecista .. é claro!)


Antônio Joaquim Coelho da Cunha,
O Português (como ele me chamava)

Fonte: Google - Pesquisar minha vida com Felipe Tiago Gomes.
Nota: Antonio Joaquim Coelho da Cunha, no texto acima,  refere Dom Eugênio Sales, de saudosa memória, como um dos amigos  e incentivadores de Tiago Gomes.

Felipe Tiago Gomes.


Um porteiro, paraibano de Picuí, fundou a CNEC
Em Recife e foi tachado de comunista.
Luiz Gonzaga Cortez.

 
O fundador, o Pai, o inventor da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade-CNEC, denominação atual, foi o paraibano de Picuí, Felipe Tiago Gomes e tudo começou na capital pernambucana, Recife, onde ele era o porteiro da Casa do Estudante de Pernambuco. Felipe Tiago Gomes se inspirou na experiência do peruano Haya de La Torre, após ler o livro "Drama da América Latina", de John Gunther. A Campanha do Ginasiano Pobre foi lançada no dia 30 de agosto de 1943, através de um boletim impresso pelo grupo de 5 estudantes pobres: Felipe Tiago Gomes, Carlos Luis de Andrade, Florisval Silvestre Neto, Joel Pontes e Eurico José Cadengue. Foram esses rapazes que participaram da primeira reunião realizada no Ginásio Pernambucano, hoje Colégio Estadual de Pernambuco. A idéia contou com a adesão de Genivaldo Wanderley e José Irineu, impulsionando o movimento em plena Segunda Guerra, o que teria possibilitado o surgimento da desconfiança das autoridades civis e militares diante dos boatos de que era "coisa de comunistas". Ajudar os pobres era coisa de comunista. O que queria Felipe Tiago Gomes era ajudar os ginasianos pobres, desamparados e desempregados quando terminavam o primeiro grau, servindo de massa de manobra dos politiqueiros e dos coronéis dos sertões nordestinos, além "de acender novas luzes nas inteligências de dezenas de rapazes pobres, que apenas têm o curso primário e não podem, por motivo financeiro, continuar seus estudos".
Os jovens causaram tremendo "rebu" em Recife durante os festejos da Semana da Pátria, quando lançaram um manifesto no dia 7 de setembro de 1943, conclamando os estudantes a se irmanarem na campanha "Um ginásio para o pobre!". O panfleto foi redigido por Alcides Rodrigues de Sena, colega de Felipe, e pedia ajuda da mocidade para formar fileira na campanha, do estudante rico para estirar "em auxílio do jovem anônimo e inteligente que também deseja, quer estudar".
A Campanha se expandiu e em 21 de março de 1944 o grupo, que ainda divulgava seus objetivos e já tinha dialogado com os oficiais do Exército e da Marinha e líderes católicos de Pernambuco, Ceará e Pará, mandou uma carta para o escritor Luís da Câmara Cascudo, convidando-o para proferir palestra em Recife durante a Semana de Cultura Nacional. Cascudo não aceitou o convite por causa dos compromissos assumidos.
Outro fato que chamou a atenção das autoridades de Pernambuco foi a campanha "De pé também se aprende", com mais de 100 alunos. O fato é que eles não conseguiram cadeiras e carteiras para os alunos e lançaram panfletos dirigidos aos usineiros, industriais, comerciantes e agricultores, a fim de obterem recursos para aquisição de carteiras e tamboretes para os ginasianos pobres. O general Isauro Regueira, Comandante da Sétima Região Militar, na entrada do Teatro Santa Isabel, ao receber um panfleto, parou para lê-lo e, em seguida, procurou o grupo de estudantes para conhecer a Campanha do Ginasiano Pobre, denominação primitiva da hoje CNEC, que já foi CNEG, Campanha Nacional de Educandários Gratuitos.
A "História da CNEC" ( Brasília, 1980) está contada por Felipe Tiago Gomes, responsável pela vinda da Campanha ao Rio Grande do Norte, em 1948, onde ele e sua comitiva foram recebidos pelo governador José Varela e secretários, colocando o jornal do Governo, A República (vide edição de 2 de outubro de 1948) à disposição do movimento. A primeira diretoria da CNEC não tem nenhum nome do RN, mas em 1949, quando Felipe Tiago Gomes já residia no Rio de Janeiro, nosso Estado já tinha um delegado da instituição, o sr Luís C. Soares. Em 1950, houve um congresso da CNEC que elegeu a seguinte diretoria: Presidente Felipe T. Gomes; Antunes de Oliveira, segundo vice-presidente; Péricles de Souza Dantas, segundo vice; Dulce Oliveira Vermelho, secretário-geral; Bráulio Cortês Xavier Bastos, primeiro secretário; Norma Fonseca Paixão, segundo secretário; João Antonio Monteiro, tesoureiro. No seu livro, Felipe T. Gomes registra os nomes de todas as autoridades civis e militares, dirigentes do MEC, parlamentares, que ajudaram a CNEC, entre 1943 e 1980, inclusive o ex-Presidente Café Filho, potiguar, Presidente de Honra da campanha, os falecidos cardeais Dom Avelar Brandão Villela e Helder Câmara. Nas 156 páginas do seu livro, Felipe Tiago Gomes, que não historia a CNEC potiguar, não registra nenhum nome de sacerdote católico do RN que tenha implantado a Campanha no RN. O que eu sei, por ouvir dizer, é que a CNEC entrou em decadência quando passou a ser cobiçada pelos políticos de "olhos grandes" nos seus caixas. Aí, meu caro, "a vaca foi brejo", a partir da década de oitenta. Mas isso é outra história... Vige Maria!
Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador
Fonte: História da CNEC , Brasília, 1983.
Em tempo: Em 16.09.2012, os rumores dão conta que do antigo CNEC, só restam os "ossos".

Foto extraída do acervo da família. Fonte: Google.