domingo, 4 de julho de 2010

Parelhense brilha na cultura goiana


 


 

Jorge de Senna: um

Escritor esquecido no RN (1)

Luiz Gonzaga Cortez.


 

Foi através de Zequinha Marcolino, bancário aposentado, companheiro de caminhadas, que tomei conhecimento de Jorge Rodrigues de Senna, potiguar de Parelhas, um dos nossos escritores que não estão enfocados nas antologias da literatura do Rio Grande do Norte. Pois é, o octogenário Jorge R. de Senna, um misto de contador aposentado, escritor e jornalista, autor de cinco livros de contos, crônicas e artigos, é integrante da Academia de Letras Goiás, Estado onde reside há mais de 50 anos, mas sempre vem à sua terra natal para participar dos festejos religiosos do Padroeiro da cidade de Parelhas, São Sebastião.

Jorge de Senna foi descoberto e incentivado por um dos grandes escritores goianos, Brasigóis Felício, autor do prefácio do seu primeiro livro, "Depois do Expediente" (1994), através do qual, em 2009, me embeveci com os seus contos e relatos da vida cotidiana de Goiás e da política coronelista potiguar nos anos 40/50 do século passado, além dos "causos", dos fatos tragicômicos e dramáticos. Há relatos verídicos que servirão de subsídios aos pesquisadores acadêmicos da área de ciências sociais, apesar dos seus personagens terem suas identidades referidas por pseudônimos,como os envolvidos nas tramas e crimes da baixa política potiguar da antiga UDN e PSD.

Na sua primeira incursão literária, Jorge de Senna homenageia seus pais, esposa, Marlaine, e filhos, através de textos que asseguram "ser um arguto observador da alma humana, no que tem, o bípede pensante, de ridículo e imponente, divino e demoníaco". E prossegue Brasigóis: "Li este livro de um fôlego só, reforçando minha convicção: a que, para se fazer literatura, há que se ter, como matéria prima primordial, boa linguagem, capacidade narrativa, (em que se equilibram, artisticamente, a opulência e a síntese)—além, é claro, do senso de humor, quando se tratar de cenas pícaras, ou anedóticas, e visão do trágico, quando o drama ensombrecer de medo e de angústia, as ações humanas. E isso este Autor potiguar tem, senão se sobra, mas, ao menos, o suficiente para prender o leitor. Que mais se pode exigir, de alguém que se dedique ao ofício de escrever? Não há, nas estórias de Jorge de Senna, as filigranas e os laboratórios herméticos, em que nadam, de braçada, certas barulhentas e estéreis vanguardas. Seus recursos narrativos são os tradicionais, sendo suas estórias estruturadas pelo velho e bom começo, meio e fim, sem que seja, por isso, previsíveis e insossas. Bem ao contrário, seus contos têm tônus, tensão dramática e riqueza conteudística, como é exemplo a peça "O Boca de Praga", onde se lê a pérfida ou inocente ironia que viceja nas repartições públicas transformou um Malaquias Souza Vale em Malaquias Sem Valor, só pelo fato do alcunhado, para economizar tempo ou tinta, grafar seu nome como "Malaquias S/V"....". Há figuras denominadas Zidorão, Cabo Jacinto, Brejuí, Zé Mocó, Zitinha, Ana Medalha,Carival, Orontes, Pedro Bonzo, Abílio Pé de Cana, Aninha Sem Tripa, Cicero Suruba, Talarico Bezerra, Leite Filho, etc., mas vou parar por aqui porque isso é outra história.

Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador.

5 comentários:

sylvanamarques disse...

Bom dia Cortez, achei seu blog no google pesquisando Leonardo Barata, estou através da Capes como aluna do mestrado da UFRN pesquisando os cartoes postais de Natal,quero observar quando essas imagens deixam de mostrar o lado urbano, procurando destacar uma modernidade e passam a ter um olhar turistico. SOoube que Leonardo Barato tem muitas informaçoes sobre o turismo aqui no Local. Sou do Rio de Janeiro, muito da historia da cidade ainda estou tentando descobrir... Abraços Sylvana!

Rejane disse...

Muito bem, Silvana Marques. Nos anos 40 do século passado, o sr. Fortunato Aranha imprimiu milhares de cartões postais de Natal e vendeu-os na Livraria Cosmopolita. Esses cartões ainda existem por aqui,há colecionadores deles, dizem. Caso queira alguma colaboração, pode contar comigo.
abs.
cortez.
cortez.melo02@supercabo.com.br

Rejane disse...

Bom dia, Kátya.
Joaquim Pegado Cortez, conhecido como "Tio Quincó", era tio do meu pai, Manoel Genésio Cortez Gomes, de Currais Novos. Quando criança, ouvi falar que uma parte da família Pegado Cortez migrou de Goianinha para o Seridó potiguar. "Tio Quincó" era casado com Guilhermina Pegado Cortez. Tenho fotos de ambos. Joaquim era irmão de Alfredo P. Cortez, que morou em Lagoa Seca, Natal/RN. Conheci Olavo, Yaponam e Nazaré, já falecidos, filhos de Joaquim P. Cortez. Vou procurar informações sobre Amália e Alice P. Cortez. Nosso imeio é gonzagacortez@gmail.com.
Um abraço.
Gonzaga.

Rejane disse...

Estou pesquisando a família Pegado Cortez, de Canguaretamna/Rio Grande do Norte, um dois ramos que se irmanaram com os Gomes de Melo, Dantas Cortez, de Acary e Currais Novos/RN. Muitos deles perderam os sobrenomes Pegado Cortez por causa dos casamentos, nos quais as mulheres foram obrigadas a mudarem de sobrenomes, principalmente no tempo do Império e até poucas décadas passadas. Quem quiser colaborar pode enviar imeios para cortez.melo02@supercabo.com.br.
A prpósito, breve publicaremos a foto de Marica Pegado, como era conhecida a dinâmica e cultaD. Maria Senhorinha Dantas Cortez, do casarão do sitio São Luiz, em Currais Novos, falecida em 04.06.1927, aos 79 anos.
Kátia Lima estaria sumida e não deu notícias das suas pesquisas.
Um abraço .
Luiz G. Cortez Gomes.

Rodrigo Cortez disse...

Sou neto de Olavo Dantas Cortez, filho de Maria Telma Gomes Cortez. Você se referiu ao meu avô e ao meu bisavô (Quincó Pegado) acima. Então somos primos distantes. Tenho enorme curiosidade em saber maiores informações sobre os primordios da familia Cortez (e Gomes) aqui no RN, se puder me ajudar ficarei agradecido.
Rodrigo Cortez
Abs,