sexta-feira, 5 de março de 2010


 


 


 

Cientista prevê que filas em supermercados

Vão se acabar em breve


 


 


 


 


 


 


 


 


 

È de Natal um dos principais cientistas do mundo na área de microeletrônica e da física de materiais. Seu nome: Carlos Alberto Paz de Araújo, natalense da Cidade Alta, 55, filho de pequeno comerciante, ex-aluno de colégios católicos (Salesiano e Marista), que deixou a capital potiguar aos 17 anos para estudar engenharia elétrica nos Estados Unidos.

Rapaz pobre, com uma bolsa do Fisk e ajuda de familiares, para passar 3 meses na casa de uma família americana, mas terminou ficando para estudar e fazer ciência. Hoje tem 180 patentes nos Estados Unidos e mais 200 em outros países, é PHD (doutor) professor titular de engenharia elétrica e computacional da Universidade do Colorado.

Tornou-se empresário e é reconhecido mundialmente na comunidade científica da engenharia elétrica e eletrônica, tendo recebido, em 2006, a maior láurea da área, o Prêmio Daniel E. Noble, pelo seu trabalho pioneiro no desenvolvimento em circuitos de memórias usados nos cartões magnéticos, dinheiro eletrônico e outros produtos que, sem saber, o brasileiro utiliza no seu dia-a-dia e não sabe quem colaborou para a criação dessas utilidades.

Pois é, sem ajuda governamental, os seus pais, censurados por muitas pessoas, em Natal, custearam os cursos de bacharelado, mestrado e doutorado em engenharia eletrônica na Universidade de Notre Dame, Carlos Paz. O curso de PHD fez com uma bolsa e um salário superior ao que ganha um professor universitário do Brasil. Nos 37 anos nos Estados Unidos, surgiu uma oferta do governo brasileiro de uma bolsa de 50 dólares. Ele não aceitou e enfrentou muitas dificuldades financeiras para estudar e residir em casa de estrangeiros. Muito esforço, estudos, persistência e trabalho, muito trabalho, com seriedade e honestidade, lembra.

Tudo isso possibilitou que se tornasse um professor e empresário bem sucedido que o obriga a viajar a diversos países, como o Japão e China, a fim de acompanhar o desenvolvimento de tecnologias, as ações e negócios de suas empresas. Por isso, eu tive que esperar quase um mês para entrevistá-lo pela Internet, meio de comunicação que considera a melhor escola, em inglês, para o jovem estudante encontrar a maioria dos trabalhos científicos bons. "A Internet, sem inglês, vira mais um besteirol do que fonte de estudo", diz.


 


 


 

Com milhares de citações em trabalhos de cientistas do mundo, o cabedal de Carlos Paz de Araújo o tornou uma das mais respeitadas inteligências da microeletrônica, além de ser muito procurado para ministrar cursos e conferências nos EUA, Europa e Ásia, não somente por parte de grandes empresas, como a Motorola, Matsushita, Panasonic e outras, mas por universidades. A nossa UFRN nunca o convidou para nada. Mas ele não tem mágoa e não dá a mínima. Os paulistas, sim, através da Sociedade Brasileira de Pesquisas em Materiais-SBPMat convidaram para ele dar uma conferência no seminário que promoverão entre 28 de outubro e 1° de novembro, no Hotel Serhs, na Via Costeira, conhecem o seu trabalho.

Já formou 4 doutores (PhD) chineses. Atua na China, onde já publicaram 12 livros e artigos, desde 1985. Também trabalha na Rússia. Mas os chineses reconhecem muito o seu trabalho. Por isso, ele é professor honorário da Universidade de Fudan, em Xangai – a melhor universidade chinesa depois da Tsinghua, em Beijing, aonde foi convidado para ser professora de honra, além da Universidade de Kochi, Japão.

Mas o dr. Carlos Paz já ajudou muitos estudantes-bolsistas estrangeiros. E porque não ajudar as inteligências da terra? Sim, até à Universidade Federal do Rn ele está ajudando. Como? A professora Ana Maria Guerreiro, sua ex-aluna, está trabalhando num projeto financiado pela sua empresa, a Simetrix Corporation, através da FUNPEC. Ana é fez uma bela tese de na área de neurocomputação, que mereceu duas matérias em jornais internacionais do campo da neurociência. Ana Guerreiro é uma mente promissora. O professor Carlos Paz, que estuda e atua na Engenharia Elétrica do Estado Sólido – área em que microeletrônica é uma sub-área - , como uma ciência de Dispositivos, não é somente um cientista de milhões de conhecimentos técnicos-científicos. È um buscador de inteligências. Outro potiguar que ele ajudou foi Francisco Eduardo Alves, um estudante que há 5 anos financiou para ir trabalhar no Colorado. "Ele é um superdotado em computadores e preenche o cargo de engenheiro de software na Simetrix. Eu o enviei para o Japão e México em projetos de computação que usam o meu chip, mas é fora da minha área. A Internet para nós é um veículo de uso de logística para os cartões e etiquetas eletrônicas. Igual a ele é a professora Ana Maria Guerreiro".


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Trabalhando durante mais de 20 anos com americanos, chineses, japoneses e europeus, o dr. Carlos Paz considera espetacular o desenvolvimento econômico e científico-tecnológico da China Popular e que nãoé verdade que ela vai crescer para destruir os Estados Unidos. "As mudanças são impressionantes, há ótimas qualidades acadêmicas, mas há uma incrível ajuda dos EUA. Pouca gente sabe disso. Hoje eu acho a China mais americana do que o Japão. A China é a terceira força econômica do mundo. Eu me lembro que a gente dava muitas bolsas para ajudar a eles. Os chineses uma grande força competitiva, mas estamos muito mais avançados devido nossa criatividade nos EUA. Os parques de alta tecnologia da China tem 90% de firmas americanas. A China doa equipamentos caríssimos para as suas universidades. No Brasil, com o antiamericanismo, pensam que a China vai acabar com os EUA. Muito pelo contrário, EUA, Japão e China controlam 50% do GDP do mundo. Brasil, Índia e Rússia são os próximos".

Tendo em vista o alto preparo dos seus cientistas e técnicos, que fazem com que a maior potência capitalista do planeta seja uma parceira comercial e científica de outra potência, marxista-comunista, entre outras questões, perguntei sobre a diferença entre a universidade brasileira e a americana. "A grande diferença entre a Universidade daqui e a do Brasil está na razão da sua existência. Aqui se segue a universidade medieval que veio a existir para se criar conhecimento novo e não apenas ensinar ou treinar pessoas a ter um diploma e ir trabalhar. O que isto quer dizer é que a Universidade é apenas um local de encontro das grandes sociedades científicas e tecnológicas que mantém jornais e revistas no seu campo de atuação. Congressos são realizados no mundo inteiro e o que sabe é muito mais do que os livros. Daí os livros em qualquer nível é apenas uma introdução. As referências no fim de cada capítulo e que lhe leva a estes trabalhos que marcaram a criação do campo. Um Prêmio Nobel só sai quando um trabalho deste é citado por vários cientistas várias vezes e a ciência começa a se acomodar em direção daquele paradigma ou modelo. Isto envolve dados experimentais e sínteses teóricas. Um não pode viver sem o outro. È preciso saber que engenharia, a nível de PHD e pesquisa, vira ciência aplicada. Mas mesmo assim, é impossível na área de estado sólido (semicondutores, eletrônica, chips, etc) se separar ciência de engenharia. A nível de bacharelado e mestrado, tudo bem", afirmou Carlos Paz


 

Ele é o criador do "Modelamento de dispositivos eletrônicos com sensibilidade aos processos de fabricação e reconhece que, em engenharia elétrica ou eletrônica existe uma divisão entre física aplicada e matemática aplicada. Carlos Paz estudou e ficou entendendo os dois campos. "Mas o que eu gosto mais é aplicar novas teorias à prática de criação de dispositivos eletrônicos. Memórias, telas planas e vasias e outras coisas passaram pelas minhas mãos. Isto eu devo a um professor que me botou no pau na matéria de dispositivos quando eu era bacharel. Com a raiva que me fez eu jurei tirar o PHD nisto e terminei ensinando e fiquei com o seu laboratório e escritório, pois ele teve que sair da Notre Dame por não atingir o nível (foi para a NASA). Por isso, fiquei sabendo de eletrônica quântica a metalurgia e materiais – ciência de materiais. Diferente dos outros, pude falar como engenheiro e cientista". Nos meios científicos da UFRN, circula a informação de Carlos Paz solucionou um problema de um super-computador da NASA, após 20 anos de pesquisas por parte da comunidade científica internacional. Mas ele não quis falar a respeito, em setembro de 2007, ao jornalista, alegando que o assunto "fica mais prá frente".


 


 


 


 

Como fundador da RAMTRON e da Symetrix Corporation, no Colorado, o dr Carlos Paz, além do desenvolvimento das FeRams integradas em circuitos usados em cartões magnéticos e outros produtos que revolucionaram a vida das pessoas no mundo inteiro, identificou o SrBi2Ta203 (SBT), o material ferroelétrico usado nas FeRams mais avançadas. O que isto quer dizer? Que o material "assegura que a informação armazenada seja retida nestes chips de memória depois do desligamento da energia elétrica, mesmo depois de mais de bilhões de operações" de apagamento e reescritura.

O cientista natalense, que recebeu os primeiros estímulos para os estudos em ciência e conhecimento geral dos Irmãos Matias e Geraldo, do Colégio Marista, onde existia um laboratório velho e precário que parecia um museu, é homem de invenções, um empreendedor tecnológico, que lança suas patentes e idéias para o mundo. Faz parcerias, vende os seus programa, suas invenções, ensina como aplicar as suas invenções, etc, nos países que respeitam as leis de patentes, claro.

Após a criação do tal "modelamento de dispositivos eletrônicos com sensibilidade......etc, Carlos Paz relembra um pouco dessa história, em trecho do relato que me enviou por e-meio: "Pois bem, a coisa evoluiu quando cheguei em Colorado, em 1984, a partir de um convite de um amigo da Honeywell para investigar uns materiais chamados ferroelétricos. Na época, virei consultor da NCR que tinha uma fábrica de microeletrônica aqui. Fiz um bom trabalho lá na área de semicondutores. Bom, com o ferroelétrico eu fiz a minha carreira, pois eu criei várias companhias, fiz mais de 180 patentes nos EUA e outras 200 fora e criei o campo chamado Ferroeletricidade Integrada, a revista internacional e o congresso que já tem 18 anos".

"A estória de usar ferroelétricos (não ferro magnéticos) em chips é longa e fascinante, uma vez que envolve 32 países e uma revolução científica que ainda não terminou. Na China, eu fui agora como convidado para lançar esta memória. Os professores estão vindo para eu e meus auxiliares ensinarem a tecnologia e eles vão ensinar para os engenheiros nas grandes fábricas de microeletrônica. Daí, várias companhias chinesas poderão desenhar chips usando esta tecnologia e criando produtos mais sofisticados.

"Como muita coisa é segredo, nós temos muitos contratos para preservar a propriedade intelectual de know, trade secrets, designs e coisas além de patentes. Também o modelo matemático de como os átomos guardam a memória na sua organização dentro da matriz do material (com espessura de só 100 átomos, às vezes, é algo que não publico e só passo para licenciados que pagam pelas patentes royalties (compensações) e "License Free". Na China, eu esperei ter patentes em chinês antes de eu por a minha tecnologia lá. Em Taywan também. Sem respeito as patentes eu boicoto qualquer país.. E assim, mesmo publicando trabalhos no mundo inteiro nesta área, o chinês abriu as portas para mim sem poder copiar a tecnologia", enfatiza Carlos Paz.


 

A tecnologia vai acabar com filas em supermercados.


 

Carlos Paz disse que nunca entrou em fila de bancos nos Estados Unidos. Por quê? Porque elas não existem. Só no Brasil tem filas para tudo e para todos.

"Na vida cotidiana, o maior uso da memória é em cartões smart cards e etiquetas eletrônicas, carteiras de motoristas, passaportes, etc. Qualquer lugar onde se precisa de uma memória que não precisa de corrente elétrica para manter os dados. Assim, o cartão com chip mais avançado no mundo, dos metrôs do Japão, por exemplo, usam esta tecnologia onde um milímetro quadrado se tem um computador (CPU), memória , processador de criptografia, um rádio que pega o campo no ar, acende os circuitos e transmite 200 kilobits por segundo, lendo e escrevendo na memória O uso disso em etiquetas eletrônicas vai acabar com fila em supermercado. O carrinho ao passar, é lido e o conteúdo impresso sem tirar nada do carro em questão de 10 milisegundos. Em grandes estoques, etc, também. Esta etiqueta mantém todo o seu estoque em qualquer lugar do mundo com uma grande segurança na Internet. Do Japão, você pode saber qual o que saiu da sua loja em Natal.

"No México, meu auxiliar na área de Internet (daí de Natal), veio para cá com bolsa que eu dei, pois se trata de um gênio nessa área), incorporou um site em que o guarda de trânsito ler o chip na sua carteira e via celular já entra na Central de Polícia e imprime no seu carro o tíquete da sua violação. Tudo isto viabilizado por uma etiqueta no seu carro e na sua carteira de motorista que mostra se o carro foi roubado, se está em dia, etc. Por 10% do custo de coisa similar nos Estados Unidos a gente faz uma coisa mais avançada para o México. O trabalho de pesquisa e uma propriedade intelectual é igual a casa, loja e outras modalidades de criar renda e é uma verdadeira ciência. Um time fechado que poucos sabem das regras, principalmente o leigo e o professor universitário. É também uma área onde o segredo é mesmo a alma do negócio", completa Carlos Paz.


 


 


 


 


 

Desenvolver o Rio Grande do Norte é um mistério, afirma Carlos Paz.


 


 


 

O dr. Carlos Paz tem dúvidas sobre a seriedade dos políticos e administradores brasileiros, na minha opinião. Ele acha que o RN não devemos ficar só exportando frutas e confeitos e que o turismo, restrito às faixas litorâneas, precisa ser repensado porque o Rio Grande do Norte não pode décadas dependendo do setor de serviços, abandonando outras áreas que poderiam gerar mais empregos e riquezas. O que fazer?

No ponto de vista, que ações poderiam ser tomadas para desenvolver a ciência no Rio Grande do Norte?

Dr. Carlos – O Rio Grande do Norte, infelizmente, é um enigma. Ainda não se acordou para duas coisas: 1. A gente não vai poder só viver de turismo, e ainda não se fez um planejamento que focalize áreas que a gente quer competir lá fora. Exportar confeitos e frutas não faz muito pra gente. Nossas exportações não chegam nem a 500 milhões de dólares por ano.

Um Estado como Colorado, praticamente um deserto, exporta só em agricultura mais de 4 bilhões de dólares por ano. A nossa Universidade tem um orçamento de 1,2 bilhões de dólares por ano. Na China, a Universidade de Fudan só recebe 40 % do seu orçamento do governo. O resto vem de pesquisas e joint-ventures. Isto é uma universidade de 30 mil alunos. Pesquisa e desenvolvimento e principalmente desenvolvimento de tecnologias deve ser uma coisa desenhada pelo Governo Estadual para colocar no mapa as intenções do Estado.

O problema também vem dos cientistas. Ingênuos como são para negócios e ciumentos entre si em quem receber o que, impede um planejamento sério.

Existe também a grande burrice de se confundir ciência com alta tecnologia e, daí quando se segue para criar novas oportunidades, a coisa é completamente fora de qualquer prática internacional de bons negócios. No meu caso, eu não dirijo as minhas empresas. Eu contrato executivos para serem presidentes, diretores de finanças, etc. Os grandes marqueteiros na minha área eu vou atrás e compro o passe. Não existe negócio sem marketing.

2. O Estado deve, ao meu ver, criar um pólo de software como Pernambuco fez. Depois se criar o centro de iotecnologia. Fora isto, deve-se convidar e abrir em Natal companhias que desenhem chips antes de Sampa levar tudo. E, principalmente, deve-ser ter ousadia a nível de governo e fazer a coisa ser sustentável via o Banco Mundial.

Vale também se fazer um pólo mais elegante da cultura do camarão e tilápia e melhorar as frutas. A ciência dos materiais com a melhora dos preços do tântalo e da chelita (óxido de cálcio de Tungstênio) deve ser melhorada e usinas de melhoramentos devem existir. Olha só, a chelita é um exemplo, a gente tira a pedra do chão e exporta a preços baixos. Basta tirar o cálcio com água quente e tirar o oxigênio com uma atmosfera de redução e temos um material muito mais beneficiado.

Finalmente, a exemplo dos CEFETs, o governo deveria a idéia de "Junior College", uma faculdade de 2 anos para as cidades do interior, aumentando, assim, a capacidade técnica de todo o Estado. O jovem não tem opção nenhuma quando termina o 2º grau. Fica preso na cidadezinha sem ter o que fazer."

Eu concordo, professor, isso é verdade, basta ver as cidades de Guamaré e outras cidades do Vale do Assu, além de outras do interior potiguar, engrossando os contingentes de vagabundos.

E o sr. estaria disposto a implantar uma empresa de alta tecnologia no RN?

Dr. Carlos – Não, na minha área não faz sentido. Talvez noutras áreas em parcerias.

O que deveria ser feito para as universidades brasileiras e em particular as universidades do Rio Grande do Norte melhorarem de qualidade?

Dr. Carlos – Deixarem de ser uma burocracia e um empreguismo político. Terem vergonha e procurarem se nivelar intelectualmente com o resto do mundo. Até na África se faz boas pesquisas e se apresenta trabalho. Aí tem muita gente ocupando o lugar da nova turma e fazendo da Universidade apenas a extensão do segundo grau e não um centro de dinamismo e empreendimentos.

No momento o petróleo constitui principal fator da economia do Rio Grande do Norte. Como suas pesquisas podem ajudar a aumentar a produção de petróleo e melhorar a eficiência dos processos de exploração e produção?

Dr. Carlos – Minhas pesquisas são voltadas totalmente ao contrário da dependência do petróleo. O Brasil só tem reservas para 20 anos. Isto é menos do que os EUA. A gente tem que desenvolver biocombustíveis. O petróleo em Natal é virtualmente nosso. A Petrobrás tira do chão e paga minhocas ao Estado. O que os políticos acham disso? Alguém já notou que estamos numa democracia?


 


 


 


 


 

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