Conforme o original, transcrevemos o poema sem nome, escrito na praia da Redinha, em 12 de dezembro de 1940.
Na hora da inspiração
Quando a tarde agoniza
E a noite descendo vem,
A lua prateia o mar
Que cansado de chorar
Num incessante vai e vem,
Se espreguiça na areia
Banhada de lua cheia.
Como é belo este luar!...
Nós dois , então, contemplamos
O luar no mar
E ficamos a pensar
No seu eterno marulhar
Até o mundo findar
Então não haverá mais o mar
Porque o pecado foi-se
E com ele liquidou-se
A discórdia entre os povos
E a paz de Deus reinará
Sobre toda a humanidade
Na mansão da eternidade.
Redinha, 12.12.40. Nati.
Já em 1987, ela escreveu na sua casa da rua Felipe Camarão, 453, Cidade Alta, o poema "A paisagem", dedicado a sua amiga Teresinha Cortez Siqueira, que ainda mora na rua do Rosário, próxima da Igreja do Rosário, ao lado do Tribunal Eleitoral.
"A amiga tomou-me pela mão:
"Nati, venha ver a paisagem!"
Seguia-a. Não podia tombar.
Minhas pernas estavam trôpegas,
Da longa enfermidade.
Insensível eu não podia ficar,
Diante de tal felicidade.
Fiquei parada, quieta, estática,
Contemplando a paisagem.
Uma paisagem marítima,
De barcos ancorados.
Um céu azul, um verde mar.
Um cais de conchas e sargaços
Os pontilhões da Petrobrás.
Além, as ondas quebravam,
Brancas, de espumas rendadas.
No sopé dos morros da Redinha
As "chatas" paradas no rio,
Pareciam almas penadas.
Era um encanto ver o casario,
Diante do Potengi amado.
Meu olhar não tinha escamas,
Estava claro diante da beleza,
Daquela paisagem deslumbrante.
Não me cansava de admirar,
As maravilhas da natureza,
Que Deus aos homens concede.
Mesmo sem eles merecerem.
Nati Cortez. Natal,03 de fevereiro de 1987. Nota: Os pontilhões que a autora se refere eram as plataformas da Petrobrás que permaneciam dias no estuário do rio Potengi, antes de se deslocarem para os campos de petróleo do litoral norte potiguar e/ou para outras regiões do Brasil.
Gena Maceira Montenegro – Uma grande amiga de Nati Cortez.
A mineira Maria Eugênia, já falecida, e que residiu durante décadas na cidade de Assú/RN, foi uma grande e sincera amiga de mamãe. Há muitas cartas de Gena para mamãe, poemas também, elaborados em verdadeiros cartões confecionados por ela. Encontrei um desses cartões com os seguintes versos: "Querida Nati.
Se à Helena ofereço rosas
a você, ofertos lírios
flores puras e formosas
dos altares e dos círios
----
Quero lírios no seu véu
Para sua missa rezar
Tal Via Lactéa do céu
Branca luz no seu altar.
Da Gena.
Natal, dezembro/1971.
Nenhum comentário:
Postar um comentário