sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Natal de antigamente era um


Natal com espírito cristão.

 

Após as comemorações não muito cristãs, isto é, que se caracterizaram pelo paganismo, consumismo e outros ismos, sem esquecer alcoolismo, tragédias, acidentes e as "n" mortes violentas, escolhi um trecho do livro de Nati Cortez, "Natal do meu tempo de menina", publicado na coluna do jornalista Carlos de Souza, em 19 de agosto de 1999 (Muito, Diário de Natal). Ele foi aproveitado e publicado na série de Crônicas Natalenses com o título "Natal de Outrora". Façamos uma comparação com os velhos tempos com o texto a seguir:
"Antigamente a vida em Natal era mais agradável. Do começo deste século até certa época, a existência dos seus habitantes transcorria mais alegre, mais serena, mais feliz.
Ah! Tempos saudosos aqueles!
A infância, quadra risonha da vida, época em que a criatura a desfruta sem preocupações e tristezas, decorria numa ambiente sadio, livre dos perigos de hoje, onde a qualquer passo se depara com esta avalanche de costumes perniciosos, quais sejam, rádio e cinema inconvenientes. Quantas brincadeiras inocentes, quantos divertimentos inofensivos!
Aos domingos, a garotada reunia-se para subir no "pau de sebo", quebrar o "gato no pote", brincar de circo, etc.
A cédula no topo do "pau de sebo" atraía as crianças. Só se via gente subindo e descendo,até que um mais felizardo conseguia triunfar na peleja..
Agora tudo mudou. As crianças, sabidíssimas, brincam de caubói e só falam em cinema.
Na noite de Natal, era célebre a lapinha na casa de dona Vicencinha Lucas, na Rua Silva Jardim, na Ribeira. Tomei parte muitas vezes neste folguedo tradicional. Os ensaios da lapinha constituíam-se em verdadeiros centros de atração popular. O "ensaio geral" era uma verdadeira festa. A residência de d. Vicencinha ficava repleta de pessoas das mais diversas classes sociais.
A torcida era renhendíssima. Os vivas dos adeptos do "cordão azul" eram estridentes,como também os do encarnado. As pastoras caprichavam para bem desempenhar os seus respectivos papéis.
No dia da queima da lapinha, a azáfama era um fato. Sendo a última noite de brincadeiras e, conseqüentemente, a da vitória de um dos partidos, todos, participantes e assistentes, se esforçavam em fazer triunfar as cores de suas preferências.
O entusiasmo atingia o auge quando as ciganas penetravam no tablado. Elas entravam cantando assim:
"Somos ciganas do Egito,
Que viemos de Belém,
Adorar o Sumo Bem (bis)
Me dêem uma esmola,
Pelo amor de Deus,
Que a pobre cigana,
hoje não comeu." (bis)
As moedas e cédulas choviam nas sacolas das ciganas".
Trecho do livro "Natal da minha vida de menina", de autoria de Nati Cortez, escrito em 1960,em Natal/RN. Dedico essa veiculação a prima-irmã de Nati Cortez , Célia de Lima Dantas, residente no bairro Potilândia.

Nenhum comentário: