sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


 


 

A rebelião integralista de 1938

e seus reflexos no Estado (I)


 

Levante deteve Getúlio em casa

mas faltou o apoio do Exército


 

Texto de Luiz Gonzaga Cortez*


 

A rebelião de setores da Ação Integralista Brasileira-AIB contra o ditador Getúlio Vargas, em 11 de maio de 1938, no Rio de Janeiro, permanece esquecida pelos nossos políticos, historiadores e intelectuais. Os episódios de 23 a 27 de novembro de 1935, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, são lembrados anualmente, pelos simpatizantes daquele movimento, inclusive pelos seus adversários. A insurreição não passou de uma tentativa de golpe para tirar Getúlio do poder e contou com a participação de dezenas de civis armados e oficiais do Exército, dentro os quais se destacaram o tenente Severo Fournier e o médico Belmiro Valverde. A rebelião ficou conhecida como a "intentona integralista", fracassou horas depois da recusa do general Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, em apoiar o "putsch" dos camisas-verdes da AIB, organização fundada pelo escritor paulista Plinio Salgado, uma das figuras proeminentes da Semana de Arte Moderna de 1922.

Os integralistas mantiveram Getúlio detido num quarto do seu palácio durante quase 4 horas, segundo versões de historiadores, mas os líderes militares que tinham prometido apoio ao golpe, não atenderam aos apelos de reforços para derrubarem o ditador. Há versões de que o chefe Plinio Salgado não apoiou o golpe militar e se refugiou em São Paulo após não conter a sedição de seus liderados civis e militares da Marinha e do Exército.

Getúlio Vargas tornou-se ditador com o golpe de 10 de novembro de 1937, apesar de vir governando o país com amplos poderes desde outubro de 1930. Enganou seus aliados à direita e à esquerda para se perpetuar no poder, inclusive Plínio Salgado, a quem ofereceu o cargo de Ministro da Educação. Plinio tinha trabalhado duramente em 1937 para sair candidato à Presidência da República pela AIB, organização conservadora, anticomunista, nacionalista e cristã ( contou com apoio de quase toda a cúpula da Igreja Católica brasileira). José Américo de Almeida e Armando Sales de Oliveira, representantes da burguesia industrial paulista e do latifúndio nordestino também estiveram em campanha eleitoral em 37. Os integralistas fizeram um plebiscito nas suas fileiras e 800 mil camisas-verdes, incluindo os do RN, apoiaram o nome de Plínio para Presidente. Cem mil integralistas desfilaram no Rio de Janeiro oferecendo apoio a Getúlio Vargas. Foram ao Palácio do Catete, no inicio de maio de 1937, ocasião em que Plínio Salgado, Gustavo Barroso e outros líderes integralistas comunicaram ao ditador o resultado do plebiscito.

Maquiavélico, Getúlio incentivou os integralistas e os setores liberais para prosseguirem suas campanhas para as eleições previstas para o ano seguinte, conforme preceituava a Constituição em vigor. Astuto e hábil articulador político, Getúlio executou o golpe em silêncio, com apoio das Forças Armadas, principalmente do general Góis Monteiro, chefe do Estado Maior do Exército. O menor civil do golpe de 10 de novembro de 1937 foi o intelectual mineiro Francisco Campos, um dos criadores de uma organização de direita em Belo Horizonte/MG.

O GOLPE

Após a implantação do "Estado Novo" - autoritário e repressivo - , os adversários de Getúlio Vargas se articularam numa conspiração para derrubá-lo do poder. Empresários e políticos de São Paulo participavam da trama que culminaria com o golpe militar em janeiro ou março de 38. No entanto, a insurreição somente ocorreu na noite de 11 de maio de 1938 com o ataque ao Palácio do Catete, residência do ditador.

Um dos chefes do integralismo, Olbiano de Melo, no seu livro "A Marcha da Revolução Social no Brasil", a polícia política prendeu dezenas de integralistas no Rio, São Paulo e outros Estados, após fracassada invasão da Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro, em março , comandada pelo dr. Jair Tavares e o tenente Loyola. Plínio refugiou-se em São Paulo, onde foi preso pela polícia política do regime, levado para a Fortaleza Santa Cruz, no Rio de Janeiro, de onde saiu para o exílio em Portugal. Somente retornaria em 1945. No exílio, escreveu uma das suas mais belas obras literárias, "A Vida de Jesus".

Conta Olbiano, que Plínio Salgado concordou com o golpe durante uma reunião secreta, realizada no Rio, que contou com a presença do Brigadeiro Newton Braga, mas que ele determinaria a data do levante golpe integralista. No entanto, em março o levante precipitou-se, após o fracasso de janeiro, com a tentativa de ocupação da rádio Mayrinck Veiga . "...viera em 11 de maio, com o ataque de Belmiro Valverde, chefiando um grupo de "camisas- verdes", ao Palácio Guanabara, já em desespero de causa, articulado com o general reformado Castro Júnior e com o grupo civil dos srs. Armando Sales de Oliveira, Júlio Mesquita Filho, Flores da Cunha e Otávio Mangabeira, tendo como agente de ligação o dr. José Paranhos do Rio Branco, e com os quais Plínio Salgado se unira para a insurreição geral de março".

Olbiano de Melo, que afirma nunca ter omitido sua opção pelo fascismo, então no auge na Europa e em crescimento no próprio Estados Unidos da América do Norte (Câmara Casucod escreveu um artigo sobre o crescimento do fascismo nos EUA), registra que ao médico Belmiro Valverde coube a tarefa de cercar o Palácio, "deter ali o Ditador e ainda os ministros militares em suas residências, sublevar parte da Marinha, até que o General Castro Júnior, secundado por outras altas patentes, comprometidas com o movimento, descesse com a Guarnição da Vila Militar para a cidade e se organizasse uma Junta Governativa que imediatamente promoveria o retorno da Nação aos quadros legais da Constituição de 1934. Valverde cumpriu integralmente a palavra empenhada. Teve em suas mãos por toda a madrugada do dia 11 de maio de 1938 o Sr. Getúlio Vargas completamente isolado do mundo, cercou as residências dos ministros militares, inclusive o apartamento do General Góis Monteiro, Chefe do Estado-Maior do Exército e levantou parte da guarnição da Escola Naval e do Arsenal da Marinha. Mas ao invés de terem a cobertura da Vila Militar, os rapazes que se assenhorearam do Palácio Guanabara, comandados pelo Tenente Severo Fournier, foram cercados e dominados ao raiar do dia por um contingente de tropas do Forte São João, dirigidas pessoalmente pelo General Gaspar Dutra, Ministro da Guerra. A reação continuou ainda pela manhã do lado da Marinha sob o comando do Tenente Halzzemann, que também foi dominado com os seus revoltosos, após ter sido gravemente ferido. Esta foi uma das atitudes mais varonis do movimento do Sigma que, de um modo geral, em todos os seus quadros pelos país afora sentia-se vilipendiado pelos senhores da situação. Valeu como um protesto, embora tenha custado a vida de vários "camisas-verdes", após serem presos, nos jardins do Palácio" ( Olbiano, op. cit., p.128, Edição O Cruzeiro, 1958).

Foram mortos friamente, após presos, por Lutero Vargas, irmão do ditador, os seguintes integralistas: Tenente Teófilo Otoni Jacould, Dionísio Pereira da Silva, Mário Salgueiro Viana, Waldemiro Petrone, José Rodrigues, Luis Candido, Manoel Gomes Vidal, Artur Pereira de Holanda e o cabo Juvêncio Henrique Pereira Dias. o tenente Fournier viria a falecer anos mais tarde vítima dos maus-tratos na prisão, no Rio. O chefe de polícia era o Capitão Felinto Muller, descendente de alemães, admirador de Hitler e responsável pela entrega da comunista alemã Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes, aos nazistas. O coronel Euclides Figueiredo, pai do falecido general e ex-Presidente João B. Figueiredo, participou da "intentona" integralista e foi obrigado a se exilar. ( tinha sido condenado a 4 anos e 4 meses de prisão).

As forças do governo não sofreram baixas, mas mais de 1.500 pessoas, integralistas, simpatizantes e adversários de Getúlio, foram presas em todo o país. Respaldado pelo decreto-lei 428, de 16 de maio de 1938, o regime iniciou violenta repressão e transformou os julgamento do Tribunal de Segurança Nacional em uma verdadeira "blitz". O comandante Fernando Cockrane, Ayrton Plaissant, Lauro Antunes e Oswaldo Belém, condenados a l ano, foram punidos com três anos e quatro meses de prisão. Valverde foi condenado a 8 anos de prisão na Ilha de Fernando de Noronha( que estava cheia de presos comunistas que participaram da intentona de 1935) , de onde enviou vasta correspondência para Carlos Gondim, um dos dirigentes da AIB no Rio Grande do Norte. Gondim era chefe do serviço secreto dos integralistas potiguares e colaborou com os americanos em Natal durante a segunda guerra. As cartas de Valverde chegavam por via aérea, graças a intervenção consul americano em Natal.

Em Natal, a repressão policial atingiu diversas pessoas que nada sabiam da conspiração integralista, como o comerciante católico Carlos Gondim, detido por 13 dias, na Chefatura de Polícia, na Ribeira. Os comerciantes e integralistas Manoel Genésio Cortez Gomes e Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão, entre outros, foram interrogados, tiveram suas residências vasculhadas pela polícia estadual. Foram considerados subversivos de direita. Governava o Estado o interventor Rafael Fernandes Gurjão, que tinha sido eleito em 1934, por via indireta, e aceitou ficar no poder após o golpe de novembro de 1937. Câmara Cascudo, conhecido folclorista e figura proeminente da cultura potiguar, não escreveu nada sobre a repressão policial contra os seus companheiros da Ação Integralista Brasileira, organização da qual foi um dos fundadores e um dos seus líderes no Rio Grande do Norte.


 

*Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador.


 


 

A rebelião integralista de 1938

e seus reflexos no Estado do RN ( II)


 


 

Polícia suspeitava que os camisas verdes

procuravam armas para uma revolução


 

Texto e pesquisa de Luiz Gonzaga Cortez


 

A maioria dos integralistas potiguares eram católicos praticantes. A Ação Integralista Brasileira do RN nasceu dentro da Igreja Católica, em Natal, em 1933, com apoio ostensivo do comendador e professor Ulisses Celestino de Góis, considerado uma das reservas morais do Estado. O clero apoiava, mas não aparecia oficialmente nas reuniões e desfiles dos camisas-verdes. Entre 1933 e 1937, as organizações católicas de Natal, Congregação Mariana de Moços e Irmandade dos Passos do Sagrado Coração de Jesus, eram compostas por integralistas militantes, na sua maioria. Naquele tempo, em Natal, ser católico atuante era ser camisa verde. Não se sabe o número exato de pessoas que se filiaram ao integralismo no RN, em virtude da queima dos seus arquivos. Houve queimas de arquivos em 1935 e em 1937, episódios já relatados nos livros "Pequena História do Integralismo no RN" e "Câmara Cascudo, jornalista Integralista", publicados em Natal.

A documentação apreendida pela polícia política estadual nas casas dos dirigentes da AIB em Natal, encontrada no Arquivo Público do Estado e com cópias em nosso poder, não traz indícios de que os camisas verdes potiguares estavam preparados para um levante armado no Rio Grande do Norte. Os documentos da extinta Delegacia de Ordem Social e Investigações, depois denominada Delegacia de Ordem Política e Social-DOPS, chefiada pelo delegado João Medeiros Filho, desde 1936 vinha acompanhando as atividades dos comunistas ( "os extremistas do credo vermelho") e dos seguidores do escritor Plínio Salgado, que eram aliados do regime de Getúlio Vargas desde o nascimento do movimento nacionalista, em 1932, em São Paulo. Com o golpe de novembro de 1937, os integralistas passaram a ser considerados perigosos ao "Estado Novo", haja vista que a AIB reunia quase um milhão de filiados em todo o Brasil, com muitos adeptos na Marinha e no Exército. Após a decretação da ilegalidade da AIB, os camisas verdes passaram a conspiram contra a ditadura. Mas em Natal, os integralistas não estariam sabendo das articulações com vistas a derrubada de Vargas, segundo os documentos apreendidos pela polícia que, na sua maioria, se referem a apreensões de livros, cadernos, objetos, fardamentos e medalhas do movimento que tinha como lema "Deus , Pátria e Família". Há informes de policiais de que militares da Marinha estariam procurando armas para um levante. Poucos documentos sigilosos foram apreendidos, mas eles indicam que os investigadores vinham espionando as atividades dos integralistas em Natal. Se chegava um integralista no porto e se havia um camisa verde à espera, estava lá um policial civil para observar seus passos e relatar o que viu e ouviu para o delegado. Forasteiros, vendedores, viajantes em geral, eram visados. E se fosse estrangeiro o passageiro que desembarcasse de um hidro-avião da "Condor", empresa aérea alemã, os policiais levantavam as suas desconfianças peculiares. As provas: fichas, prontuários e relatórios dos policiais.

Em janeiro de 1938, a polícia local já estava de olho nos integralistas natalenses. Com o título "Notas" , há um informação do policial Manoel Maia Monteiro ( que eu conhecí em 1984, quando repórter do Diário de Natal), a ficha do DOPS de Ito Barroso Magno, um dos mais atuantes integralistas e que tornou-se oficial da Marinha, registra que "O comandante porintermédio dos seus filhos andam procurando armanento e munição de que dispõe a Fôrça Pública, com o objetivo de preparar elementos para apoiar um movimento revolucionário integralista que esperam rebentar em todo o país. Dizem contar com elementos dentro da Fôrça Pública, inclusive um capitão que assignou a acta de organização do citado movimento".

Em 4 de janeiro de 38, o outro agente informava que "O filho do cmt. Barroso de nome............perguntou ao Sgt. Orlando porque que já estavam perseguindo os seus amigos da Fôrça Pública citando o facto de ter sido transferido para a 5a Cia. em Caicó o soldado Antonio Ferreira da Silva, integralista nesta Capital, dentro da Força Publica, conferiu de apoiar a revolução integralista que espera rebentar no paiz. Um sgt. da Marinha encontrando o mesmo Sgt. Orlando lamentou a sahida daqui da Capital, do referido soldado, dizendo ainda que este ia lhes fazer grande falta". (Sem assinatura e com ortografia da época).

Também consta do prontuário 1455 de Ito Barroso, datado de 5 de março de 38, com vistos do comissário Francisco Meira Lima, mais uma "parte" do investigador Manoel Maia ao Delegado de Ordem Social e Investigações: "Levo ao conhecimento de V. Sa. , que hontem, na ocasião que desatracava o paquete "Itaquicé", do porto desta Capital, no qual seguia o integralista Ito Barroso Magno, filho do Cap. da Marinha, Barroso Magno, com destino ao Rio de Janeiro, ouviram vários "Anauês", saudação esta feita pelos integralistas José Vilar, Manoel Genésio e outros que não os conheço de nome".


 

Os subversivos integralistas

As pastas que estão no Arquivo Público do Estado, à disposição dos pesquisadores e historiadores, eram do Departamento da Segurança Pública - Delegacia de Ordem Social e Investigações e os seus relatórios são resultados de "diligências policiais". Foram fichados pela polícia e processados, julgados e absolvidos pelo Tribunal de Segurança Nacional, os comerciantes Manoel Genésio Cortez Gomes, Carlos Gondim, Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão ( processo número 571, cancelamento da ficha e do prontuário em 28 de setembro de 1942. Severo foi chefe interino da AIB/RN em dezembro de 1935), Luiz Veiga, além dos intelectuais Otto de Brito Guerra (processo número 571, exclusão da denúncia em 150738), Manoel Rodrigues de Melo e Luis da Câmara Cascudo ( não achei a pasta do folclorista, mas o sociólogo Leonardo H. Barata localizou o processo em arquivo do Rio de janeiro).

Há vários autos de termos de declarações dos integralistas ouvidos pela polícia, nos quais os interrogados procuram não se aprofundar sobre a extensão do movimento integralista no Rio Grande do Norte. Por exemplo, o "Auto de Declarações" de Manoel Genésio Cortez Gomes, prestadas em 21 de março de 38( dois dias depois de uma "batida"na polícia na sua residência, rua Coronel Estevam, 1095, Alecrim, na sede da Ação Integralista, na praça 7 de setembro, número 3, Centro, na Casa Comercial de Carlos Gondim, na rua Dr. Barata, 200, Ribeira) contendo 37 linhas, é sucinto. Diz que "o declarante foi chefe provincial em Natal, do Núcleo Integralista, a partir de 18 de junho de 1937 até a extinção do mesmo Núcleo mais ou menos em dezembro de referido ano; que não é do conhecimento dele declarante ter sido retirado qualquer livro, papeis ou documentos da sede integralista de Natal, para a casa de qualquer socio, ou para qualquer parte, depois do extinto o mesmo Integralismo; que havia integralista entre funcionarios estaduaes, federaes e municipaes; que sabe que o investigador Joaquim Rodrigues, era integralista, não sabendo porem se o mesmo contribuhioa com a cota esportiva; que elle declarante ouviu falar que tinha um cabo da Policia que era Integralista, não sabendo porem o nome delle bem assim que havia tambem soldados integralistas, não sabendo tambem os nomes dos mesmos; que sempre tem elle declarante ido ao quartel da Policia, de oito em oito dias, ou de 15 em 15 dias, tratar de negocios a respeito dos onibus que, digo, de que elle declarante é um dos empresarios, sobre passagens de soldados para o sertão e vice-verso, e alli naquelle referido Quartel elle declarante se entende com o capitão ajudante, por nome Carvalho; que nada mais declarou. Assinam o documento o delegado dr. Emygdio Cardoso Sobrinho, o declarante e o escrivão Miguel Leandro Filho. Um dia depois, a 22, ele é novamente interrogado pelo mesmo delegado: "... perguntado ao depoente o destino dado ao livro onde deviam estar as inscripções dos cidadãos que ingressaram nas fileiras da Acção Integralista deste Estado: respondeu que, não existia livro do Nucleo Integralista de Natal, onde estivessem os nomes que entraram no Integralismo, digo, das pessôas que eram inscriptas no Integralismo, sendo o serviço de inscripção feito em fichas, uma assignada pelo candidato, da qual eram tiradas copias: que perguntado ainda se as fichas aprehendidas são verdadeiras, sendo copias das fichas assignadas pelos candidatos: perguntado ainda onde se encontram as fichas assignadas pelos candidatos ao Integralismo, respondeu que as fichas originaes assignadas pelos candidatos ao Integralismo se achavam em poder do socio José Villar Lemos, o qual declarou a elle respondente que as havia queimado após o Integralismo deixar de existir legalmente: perguntado com que fim José Villar Lemos queimou as ditas fichas, respondeu que José Villar lhe dissera que havia queimado ditas fichas originaes temendo que as mesmas viessem cahir em mãos dos inimigos, semilhantemente ao que fez em 1935 após a Revolução Communista. E como nada mais disse nem lhe foi perguntado, mandou a autoridade encerrar o presente auto de perguntas, que depois de lido e achado conforme, vai assignado pela mesma autoridade, depoente e por mim Miguel Leandro Filho, escrivão que o dactylographei".

A documentação existente no Arquivo Público se referem as diligências e interrogatórios registrados nas pastas e fichas da extinta DOPS de Natal e não às inúmeras convocações para depoimentos informais na antiga Chefatura de Polícia, que funcionava no prédio atualmente ocupado pelo ITEP, na rua Duque de Caxias, Ribeira.


 


 

*Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador


 


 


 


 


 


 

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